terça-feira, 5 de abril de 2011

Não nos apedreje, Zunino. Não somos bandidos.

"Se não houver uma evolução, um respeito maior de todos os torcedores é preferível que cada equipe quando jogue no seu campo tenha apenas uma torcida e não duas, se não dará muito trabalho aos dirigentes da equipe mandatária."
João Nilson Zunino, presidente do Avaí Futebol Clube

Quem tem acompanhado o noticiário esportivo de Santa Catarina provavelmente já está sabendo que o Zunino pretende abolir o direito dos torcedores assistirem as partidas do seu time no campo adversário. Como medida de segurança, para evitar possíveis enfrentamentos entre torcedores adversários, ele propõesnada menos que enterrar de vez a maior alegria do futebol, a disputa de um clássico. Digo abolir os clássicos mesmo, porque clássico com uma torcida só não é clássico, ao menos para mim. Mas vamos analisar friamente, ponto por ponto:

"se não dará muito trabalho aos dirigentes da equipe mandatária.". Como é que é, Zunino? Quer ser nosso presidente e não quer trabalhar pelos avaianos? Pega teu boné e vai embora, é fácil. Nós pagamos e você trabalha. O Avaí não existe sem seus torcedores, mas existe sem você facilmente. E você tem a obrigação, enquanto estiver no cargo, de honrar a quase centenária torcida avaiana, que sempre fez os mais belos espetáculos do futebol catarinense. Nunca lhe outorgamos o direito de nos proibir usar a camisa do nosso time quando este jogar no Scarpelli. Já não lhe basta ter corrido com nossos torcedores da Ressacada através do preço absurdo cobrado pelos ingressos? Essa afirmação acima me soa como uma acusação. Dá a entender que nós, avaianos, somos todos marginais e amantes da violência. E pior de tudo, acredita que sem a menor sombra de dúvida iremos apedrejar a torcida do nosso adversário do continente, que obviamente, por motivos geográficos, é a torcida com quem nossos torcedores possuem o maior números de laços de parentesco e amizade. Não jogue pedras em nós, Sr. Presidente.

Cadeiras vazias, a solução ideal para nossos problemas, na visão de algumas pessoas.
Sobre a segurança
Havia, dentro do estádio, material não permitido, principalmente sinalizadores. Fato incontestável.
Quem fez a revista nos torcedores? A Polícia Militar de Santa Catarina.
Houve brigas e pedras voando de fora para dentro do estádio. A quem cabia zelar pela segurança das pessoas no entorno do estádio? À Polícia Militar de Santa Catarina.
Existem câmeras que registram imagens internas e externas do estádio, tanto do Avaí quanto da Polícia Militar. Onde estão estas imagens? Ninguém sabe dizer.
No primeiro clássico, realizado no estádio Orlando Scarpelli, também houve registro de violência e presença de sinalizadores. Houve o mesmo alarde? O Figueirense e seus torcedores foram punidos? Houve perda de mando de campo? Todos sabemos que não.

Portanto, por estas e outras questões, nos resta evidente que querem a torcida do Avaí como bode expiatório, e muita gente está tentando livrar-se de sua parcela da culpa transferindo-a para terceiros. Se houve falhas, que estas sejam corrigidas adequada e racionalmente. Que se aumente o efetivo policial nos dias de jogo. Que se evite a entrada de torcedores reincidentes. Que façam uma revista mais minuciosa na estrada do estádio. Mas não cabe procurar uma solução artificial que prejudique justamente aqueles que não possuem uma mísera migalha de culpa, os torcedores do bem de ambos os times. É o mesmo que proibir o acesso dos banhistas às praias para evitar os afogamentos que acontecem ano após ano, para dar um simples exemplo.

O clássico é nosso, Zunino. Concentre-se no teu serviço e não se meta onde não foi convidado.

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